9 de Março de 1972. Um dia que ficou assinalado para a história de um país que entretanto já desapareceu, a República dita Democrática Alemã. Nesse dia, numa votação de um assunto que ainda hoje é fracturante, o do aborto, entre os 500 deputados que compunham o parlamento do país, a Volkskammer, houve 8 deputados que se abstiveram e, mais intrigante e mais ousado, houve mesmo 14 deputados que votaram contra a proposta do governo comunista de o legalizar! Acima vemos o ministro da Saúde, Ludwig Mecklinger, a discursar naquela ocasião assim como uma página do documento aprovado. O acontecimento era de tal modo inusitado que correu mundo, aparecendo no dia seguinte nos jornais, incluindo os portugueses (abaixo). Apesar de, por cá, as eleições para a Assembleia Nacional ser igualmente fraudulenta, como o era por lá a eleição para a Volkskammer, ao menos os trabalhos parlamentares, muito por mérito dos deputados da ala liberal, mostravam-se muito mais animados. Comparando comunismos e fascismos, se um deputado da Volkskammer se lembrasse de apresentar um projecto de lei pedindo a inconstitucionalidade da própria revisão constitucional apresentada pelo governo (como acabara de o fazer Francisco Sá Carneiro), o mais provável era acabar na Sibéria.
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