«- Não quer contribuir com 1, 3 ou 5 euros para a Ucrânia?» - perguntou-me surpreendentemente a caixa do supermercado Auchan quando da apresentação da conta. Foi com uma irritação contida que lhe respondi que era eu que decidia por que meios e em que circunstâncias é que auxiliaria a Ucrânia. Que não precisava deles para o fazer. Mas confesso que este género de iniciativas, de tão repetidas, de tão abusivas, de tão impunes, já me irritam sobremaneira. Pergunta-se: a que título é que o grupo Auchan se arrogou o direito de colectar dinheiro dos clientes para a causa ucraniana? Quem o autorizou, quem o mandatou? Para mais, quando me parece que eles estão a explorar descaradamente a generosidade alheia para com a causa ucraniana? (Que fábula: apanham-nos o dinheiro aqui, na suposição que eles o vão lá entregar a quem precisa: que generosidade!) Tanto mais que (e isso talvez os clientes portugueses da Auchan não o saibam) a cadeia multinacional está presente na Ucrânia e na Rússia (fotografia abaixo). Que notícias nos dão do que é que têm feito por lá, à custa dos seus próprios bolsos?... A atentar nas notícias, nada (veja-se esta notícia de ontem do Nouvel Observateur). Pelos vistos, o que dá muito jeito é mostrar-se solidário à custa da generosidade dos outros. Uns entram com a atitude e os clientes incautos bancam o dinheiro. Eles emprestam o porta-moedas para guardar o dinheiro alheio. Tenham vergonha!
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