10 março 2022

GESTOS QUE SE ALARDEIAM, PARA DEPOIS SE CONSTATAR QUE NÃO É BEM ASSIM...

Comece-se pelo óbvio: a notícia errada desta contradição é a primeira, a de 26 de Fevereiro. Teria sido aí que teria competido aos jornalistas esmiuçar com todo o seu profissionalismo quais os meios concretos do «auxílio militar» que a Alemanha se disporia a prestar, pela «primeira vez desde a II Guerra Mundial», «a um país». (o que até é só verdade de um ponto de vista muito técnico...) Um jornalista competente teria suspeitado que, por detrás deste pretexto para o aparecimento da fotografia do novo chanceler alemão Olaf Scholz (uma necessidade imposta por ele ser um maçarico com apenas três meses no cargo), estaria o interesse em desfazerem-se de alguns monos dos armazéns da Bundeswehr. É mesmo aquilo que os beneméritos costumam sempre fazer nestas circunstâncias*. E que costuma contrastar com as necessidades dos beneficiados. Os ucranianos querem aviões de combate. Os polacos até estariam dispostos a cedê-los, mas querem receber outros em troca. E a partir daí, tudo se embrulha.

* Durante a Guerra de Inverno de 1939-40, em que a Finlândia foi atacada pela União Soviética muito à semelhança do que agora acontece com a Ucrânia e a Rússia, no auxílio à primeira, «a França tir(ou) dos seus armazéns de antiguidades cinco mil espingardas-metralhadoras modelo 1915, detentoras do recorde dos incidentes de tiro, e o seu material de artilharia, sistema de Bange, que já estava reformado em 1914.» Há que reconhecer que os envios alemães anunciados por Scholz no twitter - misseis anti-carro e anti-aéreos - aparentam ser menos vetustos e bastante mais úteis ao estilo de combate urbano que está a ser travado pelos ucranianos.

1 comentário:

  1. Os polacos [...] querem receber outros em troca.

    Uma coisa de que nunca se fala nesta coisa da cedência de armas é, as armas são pagas ou são oferecidas?

    Neste caso: se a Polónia cede os aviões à Ucrânia, a Ucrânia é suposta pagar-lhos ou trata-se de uma oferta?

    E quando a Polónia pretende aviões novos em troca, pretende que os EUA lhos ofereçam, ou está disposta a pagá-los?

    Ainda não vi estas questões esclarecidas nos noticiários.

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