25 de Março de 1922. A notícia que chegava de Londres dava conta do desaparecimento de um financeiro inglês chamado Gerald Lee Bevan, que fora o presidente do conselho de administração de uma seguradora londrina denominada City Equitable Fire Insurance & Co. O jornal descrevia-a, à seguradora, como «em liquidação», o que é a designação de salão para bancarrota. O desaparecido, por sinal, era oriundo das melhores famílias. Com 52 anos, e tendo nascido numa família de banqueiros (o pai fora o presidente do conselho de administração do Barclays Bank por vinte anos - 1896-1916), frequentara Eton e Cambridge, antes de trabalhar por cerca de vinte anos como corrector na Bolsa londrina. Depois, em 1916, assumira a posição à frente da seguradora que acabara de falir. Agora desaparecera e, como se lê na notícia de há cem anos, punha-se a sua cabeça a prémio (25.000 francos), como um vulgar outlaw do faroeste americano. Como o nosso João Rendeiro, ele vai reaparecer quatro meses depois algures no estrangeiro. Depois de ter inicialmente fugido, modernaço, de avião, vêmo-lo ao centro da fotografia acima, a regressar, muito mais canónico, de comboio, fotografado sob escolta na estação de Waterloo. Deixara um buraco rondando os € 85 milhões (aos valores actuais) que afundou, não apenas a seguradora, como também a correctora que a financiara. Gerald Lee Bevan foi condenado por 15 acusações de fraude e recebeu uma pena de sete anos de prisão (Dezembro de 1922). Nisto é que os tempos estarão muito mudados, ou então os nossos escroques são diferentes dos ingleses: agora até esperam pela leitura da sentença, para fugirem depois. Ou então ficam muito doentes.
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