Há pouco mais de quatro anos (Dezembro de 2017), foi grande notícia o resultado de uma votação apresentada à Assembleia Geral da ONU, votação essa em que os Estados Unidos foram condenados e humilhados através de uma esmagadora derrota naquele forum: 128 países pronunciaram-se a favor de os condenar por terem transferido a embaixada em Israel para Jerusalém, 9 votaram contra, 35 países abstiveram-se. Todos os círculos anti-americanos rejubilavam com a indisfarçável humilhação política por que os Estados Unidos haviam passado: com eles (os 9), votaram Israel, a Guatemala, as Honduras, as Ilhas Marshall, a Micronésia, Nauru, Palau e o Togo (ver quadro superior). Embora a sanção moral não tivesse produzido quaisquer efeitos: a embaixada americana em Israel lá continua em Jerusalém. Ora, alguns dos que então se congratulavam e discorriam sobre o que acontecera aos Estados Unidos, vou encontrá-los agora a defender o comportamento da Rússia na invasão da Ucrânia (conheço alguns casos). E é a esses que eu gostaria de perguntar se lhes ocorre alguma coisa para dizer quando confrontados com o resultado da votação de anteontem da mesma Assembleia Geral da ONU quando da votação da condenação daquela invasão. Pelos vistos, em termos numéricos, é possível que uma superpotência - neste caso é a Rússia - saia ainda mais humilhada de uma votação: com 141 países a condená-la, 5 a defendê-la (Rússia, Bielorrússia, Coreia do Norte, Eritreia e Síria) e 35 abstenções. Eu bem sei que o mais provável é que essas pessoas que tiveram essa trajectória opinativa, neste caso vão preferir não se pronunciar sobre a condenação esmagadora e humilhante sofrida pela Rússia, já que eles não andam nisto para ser coerentes, ele será mais para torcer contra as cores do clube (os Estados Unidos). Mas este exercício serve para explicar as razões do nosso desprezo por quem opina conforme as circunstâncias lhe convêm ou não.
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