27 março 2022

À PROCURA DE UMA STALINEGRADO UCRANIANA

Quem já se dedicou a estudar alguma coisa sobre a Frente Leste durante a Segunda Guerra Mundial, sabe que os soviéticos - hoje russos - elegeram na sua mitologia vitoriosa o episódio da defesa da cidade de Stalinegrado como aquele que foi o grande momento de viragem das sortes da guerra. Stalinegrado, que se tornara uma cidade completamente destruída (acima, uma famosa fotografia do centro da cidade) e conquistada em ⅞ pelos invasores alemães, resistiu a estes últimos para lá do que seria militarmente racional. Há uma tremenda ironia em assistir agora a esses mesmos russos a criar condições para que possa acontecer precisamente o mesmo, não numa, mas em meia dúzia de cidades ucranianas (abaixo a fotografia é a do centro de Mariopol). Como acontecera com os episódios de resistência aos invasores alemães no primeiro caso, os russos parecem estar a trabalhar a longo prazo para criar uma hostilidade fundamentada entre os ucranianos e eles, daquelas que demora gerações a sarar, até mesmo entre aqueles ucranianos que se exprimem em russo, como é o caso da maioria dos habitantes do Leste da Ucrânia, onde se situam todas aquelas cidades-alvo da ofensiva russa, transformadas em candidatas a cidades-mártir da causa ucraniana.

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