10 março 2022

DEZ ANOS DE ATRASO

10 de Março de 1972. A declaração (que se pretendia bombástica) proferida em Londres pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português de então, Rui Patrício, contém pequenas ressalvas na forma, mas contém um enorme defeito de timing, tão grande que a esvazia de significado político: está atrasada dez anos... Se tivesse sido em Março de 1962 que Alberto Franco Nogueira (o antecessor de Rui Patrício) tivesse feito estas declarações, mesmo com as ressalvas ali contidas, que sugerem um calendário muito dilatado até ao exercício efectivo do princípio da autodeterminação, então suponho que Portugal teria tido na década que se seguiu, uma história substancialmente diferente. Recorde-se que em Março de 1962, a luta armada ainda não eclodira nem na Guiné, nem em Moçambique, e ainda a França e a Argélia negociavam a concessão da independência à segunda. Falar de autodeterminação nos termos impostos pelo colonizador ainda fazia todo o sentido. Mas um observador sagaz como Salazar já teria sido também obrigado a aperceber-se que esses processos têm ritmos de que não se pode abusar: a guerra da Argélia durara oito anos. Dez anos depois, e já com Marcello Caetano, a palavra autodeterminação já mudara de significado.

2 comentários:

  1. E eu que pensava que Rui Patrício fosse um guarda-redes...

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    1. Lavoura: você escreveu uma piada!!!!...

      O que é que lhe aconteceu?! Apanhou covid?! Está com febre?!

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