Há precisamente oitenta anos vivia-se uma indignação enraivecida pelas altas esferas governamentais do Reino Unido, por causa deste cartoon acima, que aparecera publicado na edição do dia anterior (6 de MArço de 1942) do jornal Daily Mirror (2 milhões de exemplares de circulação média!). Nele, podia identificar-se um marinheiro, em pleno oceano, agarrado a destroços do que se presumia ter sido o seu navio, navio esse que se deduzia ter sido afundado por um submarino alemão. Por debaixo do desenho podia ler-se uma informação que era classificada de oficial: «O preço da gasolina aumentou um penny». A sugestão do autor era implícita, mas não difícil de compreender: as companhias petrolíferas estavam a beneficiar-se à custa do sacrifício dos marinheiros da marinha mercante. No Gabinete, os mais indignados pela sugestão contida no cartoon, eram o primeiro-ministro Winston Churchill (conservador) e o ministro da Segurança Interna (Home Security soa menos ameaçador no inglês original), o trabalhista Herbert Morrison. Por estes dias de há oitenta anos ambos eram os protagonistas maiores de uma ideia de suspender a publicação do Daily Mirror em retaliação*. Felizmente a ideia passou-lhes e o episódio foi esquecido, dado que aquela tentação para censurar opiniões desalinhadas e desagradáveis não abona nada em favor da memória reputacional de qualquer deles, conservador ou trabalhista. Ao lembrar este episódio dá-se a coincidência de o poder associar à questão bem actual da censura aos canais russos; e também a oportunidade de o poder associar ao facto de que hoje a gasolina aumentou 10 cêntimos.
* Recorde-se, como aqui o fiz no Herdeiro de Aécio, que Morrison fora o responsável pela suspensão da publicação dos jornais comunistas britânicos em Janeiro de 1941, quando comunistas e nazis ainda viviam em lua de mel.
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