15 de Março de 1972. Estreia (nos Estados Unidos) de O Padrinho. Como primeira cena e num ecrã ainda negro ouve-se uma voz, em inglês mas num sotaque carregado, a admitir que «acredita na América». Cena inesquecível, o seu discurso prossegue. Vai-se para um novo país, adoptam-se as regras locais, educam-se os filhos em conformidade. Porém, sem que o notemos, desconfio que nos estão a inculcar desde logo uma insidiosa mensagem ideológica. Sendo Portugal uma nação de emigrantes, e estando os portugueses que ficaram habituados à situação, é um pouco estranho imaginarmos os nossos antigos compatriotas instalados em países destino da nossa emigração a admitirem convictos que «acreditam» no Brasil, ou que «acreditam» na França, ou em qualquer outro destino. Foram as circunstâncias da vida que os levaram para lá e fizeram deles o que são. Mas nesta cena até fica a impressão que a América pode constituir uma nacionalidade para os que acreditam nela. Mais adiante no filme, há uma personagem do filme que irá ser subornada com a possibilidade de emigrar para os Estados Unidos.
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