30 de Março de 1922. O início da travessia aérea do Atlântico Sul foi um acontecimento muito noticiado: o Diário de Lisboa dedicou-lhe não apenas uma página inteira, mas ainda mais uma fracção apreciável de outra página com as últimas actualizações à hora da saída do jornal, por volta das 17H00. Nessa altura, já o hidroavião chegara a Las Palmas, nas Canárias. Sobre a partida, às 7H00 da manhã, de Belém, a crónica de Norberto Lopes dá conta de um ambiente muito social, dominado por oficiais da Armada que vinham apoiar os seus dois camaradas, apesar da madrugada. Uma boa nota de rigor foi que as entidades que presidiriam à ocasião, os ministros da Marinha e das Colónias (também eles oficiais da Armada), se atrasaram e... ficaram a ver hidroaviões, porque o Fairey IIID descolou à hora prevista! Como se percebe, há um ambiente de entusiasmo a acompanhar o voo. Aproveitando-o, a Vacuum Oil Company compra uma página inteira da edição do Diário de Lisboa do dia seguinte para se promover, anunciando que fornece a gasolina do hidroavião! Porém, acentue-se que tudo se passa a um ritmo que hoje classificaríamos de alentejano. Depois do primeiro troço do voo, os aviadores iriam demorar três dias em Las Palmas, até o reiniciar em direcção à cidade da Praia, em Cabo Verde.
Foi tudo feito a um ritmo tão alentejano que mais tarde os dois aviadores ficariam umas semanas parados numa ilha ao largo do Brasil, à espera de peças sobressalentes para o hidroavião...
ResponderEliminarDe facto, aquilo não foi uma travessia aérea do Atlântico Sul, mas sim um conjunto de viagens aéreas entre diversas ilhas.