1 de Março de 2002. Início num Afeganistão recentemente ocupado pelas tropas americanas de uma operação militar baptizada por Anaconda. Um destacamento heli-transportado de 1.700 soldados norte-americanos da 10ª Divisão de Montanha, apoiados por mais 1.000 soldados afegãos das forças pró-governamentais, iriam atacar um reduto que reagrupava combatentes talibãs e da Al-Qaeda, num vale acidentadíssimo chamado Shah-i-Kot, de altitude variando entre os 2.500 e os 3.000 metros, situado na província de Paktia, que faz fronteira com o Paquistão. Era uma operação que tinha óbvias finalidades militares, mas que também tinha finalidades mediáticas e, por isso, havia um denso acompanhamento de jornalistas. Que envolveram a operação em imensas opiniões. Quando a operação terminou, dali por três semanas, as forças atacantes haviam sofrido 80 baixas, entre as quais 15 mortos. A estimativa de baixas inimigas era mais entusiasmadamente inflacionada - 500 a 800. A questão é que os jornalistas que acompanhavam a operação nunca deram por essas centenas de baixas...
Apesar destas críticas de jornalista, esta campanha inicial da América no Afeganistão desde Outubro de 2001 havia sido um retumbante sucesso: com uns 110 operacionais da CIA e mais 350 efectivos das forças especiais, complementados por cerca de 5.000 fuzileiros e rangers, a coberto de uma impressionante cobertura aérea, haviam liquidado ou aprisionado cerca de 15.000 guerrilheiros talibãs nos cinco meses precedentes. Ao custo de 12 vidas americanas. A operação Anaconda, pensada para ser um sucesso mediático, acabara por se tornar numa inconveniência, porque diversos factores - a começar por lacunas das informações quanto ao número de inimigos, quanto ao seu moral e à sua capacidade de resistência - estragara a coreografia do desfecho da operação. Conclusão: não era para repetir e nos próximos quatro anos não houve mais nenhum combate a esta escala no Afeganistão. Nenhuma das partes estava interessada em enfrentar-se.
Sem comentários:
Enviar um comentário