29 julho 2020

«ONDE É QUE TU ESTAVAS NO 25 DE ABRIL?...»

A famosa pergunta popularizada (acima) por Artista Bastos tem, para mim, um sentido mais profundo do que aquele que normalmente nos faz sorrir, que parece uma simples pergunta de velhos, entre velhos. Saber onde se estava no 25 de Abril também tem a ver com uma lição de vida sobre o sentido de timing político. Em política, nunca se pode ter razão muito antes do tempo, mas também não se pode chegar demasiado atrasado às grandes mudanças de opinião. Perguntar onde o interlocutor estava na data, como o fazia o Artista Bastos, era, para mim, sobretudo uma forma dissimulada de testar o entrevistado, seleccionar quem esperara pelo próprio dia 25 de Abril para se atrever a mudar de opinião, para identificar aqueles que ficaram então conhecidos como os oportunistas, os que haviam sido os vira-casacas de última hora.
Como aconteceu com o 25 de Abril original, também este foi precedido de intentonas (em 2010 ou em 2014) mas o 25 de Abril definidor e denunciador da sordidez e do mau gosto comentário futebolístico aconteceu, para mim, no dia 17 de Outubro de 2016, por ocasião do momento abaixo, num programa da TVI. Mas, mais significativo do que o momento, foi o que se lhe sucedeu depois: nada. Nenhum dos protagonistas daquela peixeirada foi instado a abandonar o programa pela figura que fizera, a que se seguiram muitas outras, como aliás eu chamei a atenção aqui no Herdeiro de Aécio, três meses depois. Aparecer agora, anos e anos depois de todas estas porcarias, um Ricardo Costa, ingénuo, mais os seus homólogos dos canais rivais, a invocarem uma suposta «toxicidade» como pretexto para acabar com aquela vergonha é, não apenas muito depois do 25 de Abril, é tão depois do 25 de Abril que se torna num insulto à nossa inteligência. Que se assumam e que sejam eles a chafurdar no conteúdo daquilo que emitiam...

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