10 de Julho de 1940. Na ressaca da derrota francesa frente à Alemanha, e numa sessão conjunta que reuniu os membros do Senado e da Câmara de Deputados (que compunham a Assembleia Nacional), colectivo esse que se encontrava reunido excepcionalmente em Vichy (devido à ocupação de Paris pela Wehrmacht), os parlamentares franceses votaram esmagadoramente pela concessão de poderes constituintes ao então presidente do Conselho, o Marechal Philippe Pétain. O Estado Francês, que resultou deste gesto magnânimo, e que quase todos preferem actualmente designar por regime de Vichy, teve assim uma génese perfeitamente legitimada pelas instituições da III República, um pormenor que se torna assaz incómodo de lembrar por ocasião destas efemérides. Como se lê na notícia acima, local, no Le Petit Dauphinois, a maioria era imponente (imposante) e os poderes eram totais, enquanto a perspectiva de Lisboa, abaixo, era um pouco mais sóbria, talvez mesmo irónica, na sua referência ao «fortalecimento da autoridade» de um Estado que acabara de consentir na ocupação militar de 60% do seu território.
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