15 de Julho de 1930. Cinco dias antes, a surpreendente primeira página do Diário de Lisboa, exibira (acima) uma página de homenagem à beleza feminina, juntando Miss Holanda, Miss Espanha, Miss Turquia e Miss Itália, fazendo-nos lembrar, numa versão muito precoce, um Diário Popular da década de 70 (com Vera Lagoa) ou então um Correio da Manhã da década imediatamente a seguir, dois jornais que, nas suas épocas futuras, se virão a celebrizar pelo jornalismo da beleza feminina. Mas supõe-se que a intenção do jornal fora a de, banalizando aquele género de eventos, preparar os seus leitores para a iniciativa que ele próprio iria patrocinar daí por uns dias.
Pois foi mesmo há precisamente 90 anos que teve lugar a eleição de Miss Portugal, um assunto a que o mesmo jornal dedicou em exclusivo as suas duas páginas centrais. O júri era presidido pelo dr. José de Figueiredo, «director do Museu de Arte Antiga e crítico de arte», e composto pelas ex.mas «sras. D. Palmira Bastos, artista dramática e D. Virgínia Vitorino, professora e escritora, e ainda pelos srs. dr. Joaquim Manso, director do Diário de Lisboa, professor Jorge Colaço, artista pintor, Maximiano Alves, artista escultor, dr. João de Barros, professor e escritor, Martins Barata, artista pintor e jornalista, Pedro Bordallo Pinheiro, do conselho de administração do Diário de Lisboa, secretário da comissão organizadora e Norberto de Araújo, redactor do nosso jornal e secretário do júri.» Foi eleita Miss Portugal 1930 a sra. D. Fernanda Gonçalves, de 22 anos, de Lisboa. Mas, três anos passados, os concursos do mesmo género terão caído tão em graça que os vemos a serem parodiados numa famosa cena do filme «A Canção de Lisboa»...
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