28 de Julho de 1990. Nesse ano e nesse dia, o Peru ganhou destaque no noticiário internacional por causa da tomada de posse de Alberto Fujimori como presidente. Já a disputa eleitoral, por sinal de um cariz democrático não muito comum na América do Sul, se revelara interessante para os observadores internacionais, não por causa de Fujimori, mas por causa do seu mais directo rival, o escritor - mais tarde vencedor do Prémio Nobel - Mário Vargas Llosa. Mas, se era Llosa que concitava as atenções da opinião publicada, foi Fujimori, o underdog, que ganhou. Saliente-se que a história de Fujimori até nem era nada de desinteressante do ponto de vista jornalístico: filho de dois imigrantes japoneses, era o primeiro político sul-americano daquela origem a alcançar proeminência, num continente onde eles, japoneses e seus descendentes, não são muitos. E, considerada a reputação de eficácia nipónica e por um racismo daqueles menos convencionais (os japoneses são uma espécie de "brancos honorários"), esperava-se então qualquer coisa com Fujimori à frente dos destinos de um país como o Peru. Era uma ideia interessante e exótica, mas revelou-se uma desilusão: um golpe à legalidade constitucional dois anos depois, dez anos de poder que acabaram em eleições forjadas, num exílio forçado, em acusações e em julgamentos por desrespeito pelos direitos humanos e por corrupção, Alberto Fujimori ainda hoje está preso.
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