16 julho 2020

O «MARACANAÇO»

O Brasil organizara o Campeonato Mundial de Futebol de 1950 para o vencer. Construíra-se o maior estádio do Mundo, o Maracanã no Rio de Janeiro, com uma lotação oficial de 155.250 espectadores, para que ele fosse o palco de tal consagração. E, desde o início da competição, a 24 de Junho, tudo parecia estar a correr de feição para os anfitriões, que sempre se haviam considerado uma nação de bons de bola. Bem para o Brasil e mal para alguns dos seus rivais mais exuberantes, como a Itália, que se sagrara bicampeã Mundial em 1934 e 1938, ou a Inglaterra, que, porque inventara o jogo, se julgava dona dele; uma e outra selecções já tinham ido para casa, eliminadas, passear a sua (falta de) categoria. Em contrapartida, a selecção brasileira ia acumulando goleadas. Por uma vez, a fase final para apuramento do campeão foi organizada em esquema de campeonato, em que todos os quatro semifinalistas se encontravam entre si. O Brasil despachara a Suécia por 7-1 e a Espanha por 6-1. Em contraste, o Uruguai, que neste último jogo era a única equipa em condições de roubar o título aos brasileiros, empatara com a Espanha 2-2 e vencera tangencialmente a Suécia por 3-2. Mas, para o fazer, precisava imperativamente de ganhar o jogo; em caso de empate, o Brasil sagrar-se-ia campeão. Com tudo a favorecer, no Rio de Janeiro, por todo o Brasil, era a festa antecipada. Com aquela habilidade bem brasileira de dar um jeitinho e apesar da lotação oficial, os dados oficiais dão uma presença de 199.854 pessoas no estádio do Maracanã nesse dia 16 de Julho de 1950 - há precisamente 70 anos. E depois, foi o jogo, a bola é redonda e jogam onze de cada lado. O Uruguai não deixou o Brasil partir para a goleada, embora os brasileiros ainda tivessem marcado um golo, mas já na segunda parte. Depois, em menos de 15 minutos, os uruguaios deram a volta ao resultado, à frente dos 200 mil brasileiros que tinham lá ido para ver uma coisa completamente diferente.

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