20 julho 2020

...O CONSELHEIRO DE SEGURANÇA NACIONAL AMERICANO VEIO À EUROPA

Há precisamente uma semana publiquei no Herdeiro de Aécio um poste dando conta da visita de três dias do Conselheiro de Segurança Nacional americano à Europa. Um texto em que apontava para que «aguard(áss)emos circunspectos os resultados» das negociações, alertando para a circunstância que, se nada de substancialmente positivo tivesse resultado, mais difícil seria encontrar a "não-notícia". Já aguardámos uma semana completa pelos resultados das diligências de Robert O'Brien pelo velhos continente e, apesar da pesquisa sobre o seu trabalho ter sido esforçada, os resultados são parcos: há um comunicado seu em que ele se congratula pela decisão britânica de rejeitar o equipamento chinês para a sua rede 5G, o tópico que até é realmente o cavalo de batalha da diplomacia americana nos dias que correm, mas o americano não conseguiu arrancar mais nenhum compromisso que se visse a esse respeito, de um qualquer outro aliado europeu. Por outro lado, é reconhecido que, mais do que uma questão de redes, os britânicos têm razões muito próprias para estarem lixados com os chineses. Para além da conveniente coincidência, o que sobrará, depois de muito vasculhada a coluna das notícias a respeito daquilo que O'Brien terá estado a fazer durante três dias, foi a aturar os franceses a queixarem-se dos turcos, depois de um incidente naval envolvendo as marinhas de guerra dos dois países no Mediterrâneo, ao largo das costas da Líbia no mês passado. Esclareça-se que normalmente este género de incidentes são sanados bilateralmente entre países crescidos mas que, neste caso, os franceses terão feito questão expressa de chatear deliberadamente os americanos com ele, conhecido como é o favoritismo de Donald Trump a favor de Erdogan. Numa perspectiva de Quai d'Orsay, não servirá para muita coisa, mas, convocando-o para intermediar num assunto em que qualquer das duas partes tem o intermediário (USA) em muito fraco conceito, chateia-os - aos americanos, claro, não aos turcos - e a diplomacia francesa retira um prazer mesquinho em obrigar O'Brien a mostrar-lhes a sua «muita simpatia». Quanto ao resto... E assim se foi Robert O'Brien, de regresso aos Estados Unidos, sem que nada tivesse acontecido, acompanhado da nossa suspeita de que o plano A das chancelarias europeias a respeito de relações atlânticas é que em Novembro a Casa Branca deve mudar de ocupante; e de que o plano B (Trump por mais 4 anos!) é melhor nem o contemplar...

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