17 novembro 2020

PROPAGANDA E PUBLICIDADE

Já não é a primeira vez que aqui me insurjo sobre a incompetência acrítica como a comunicação social portuguesa se limita a funcionar como caixa de ressonância da propaganda publicitária da empresa Space X. Dessas referências retira-se que, pior do que o frete de dar destaque a proezas tecnológicas que foram (verdadeiras) proezas há 55 anos(!), só mesmo o requinte de ter Donald Trump a querer associar-se a toda essa palhaçada. Agora, que esta última página parece estar virada, suspeita-se que, apesar da remoção de um dos mais inacreditáveis chefes de Estado de todos os tempos, a substância de muitos dos problemas em que a América está mergulhada subsistirá. Pelo menos é o que se deduz pelas excrecências que, via comunicação social americana, para cá transbordam. O que o quadro acima pretende realçar é o contraste como o Observador noticiou a missão russa da Soyuz MS-17 (acima), que teve lugar o mês passado e que foi organizada pela agência espacial russa, quando comparada com a profusão de notícias (5!) de conteúdo completamente supérfluo que o mesmo jornal publicou agora a pretexto da missão SpaceX americana. Se nos fiássemos nas aparências, a missão americana ofuscaria em importância científica a russa quando, do ponto de vista técnico, o que acontece é precisamente o contrário: nesta missão, a Soyuz experimentou com sucesso novos procedimentos que permitirão vir a reduzir o tempo da acoplagem das naves com a Estação Espacial Internacional de 6 para apenas 3 horas (ou seja, de 4 para apenas 2 órbitas). Mas o que é que isso pode interessar ao jornalista que escreve notícias para o Observador?...

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