22 de Novembro de 1990. Como dizia Jeremy Paxton naquele dia na BBC (acima), era mesmo preciso que as pessoas se beliscassem para se convencerem que «a Era Thatcher chegara ao fim» (The Thatcher Era is over). A renúncia de Margaret Thatcher devia-se ao facto de, apesar de ter vencido claramente (204 votos) uma eleição interna disputada entre os 372 deputados conservadores, ao alcançar esse resultado a primeira-ministra não conseguira a maioria qualificada requerida, ou seja, mais 56 votos do que o segundo colocado (Michael Heseltine, que recebeu 152). Por lhe faltarem 4 votos, tornava-se necessário disputar uma segundo volta, numas eleições que haviam sido consideradas, à partida, coisa feita - tanto assim, que Margaret Thatcher votara desde Paris, onde estava numa Cimeira. O efeito de surpresa foi arrasador e fez tremer todo o establishment do thatcherismo, exibindo-o em toda a sua fragilidade, que isso de a designarem por Dama de Ferro era apenas uma alcunha. Margaret Thatcher desistiu de continuar a disputar a liderança do partido conservador. Por quatro votos de vantagem que lhe faltaram. Isso a comparar com a actualidade e com Donald Trump, que não consegue compreender o significado de lhe faltarem seis milhões de votos de desvantagem para aceitar uma derrota política. Fica-me a sensação que, se a ficção científica se escreve com histórias do futuro, nos tempos que correm, a ficção política se escreve recuperando histórias do passado...
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