13 novembro 2020

UMA BIOGRAFIA DO KAISER GUILHERME II

Esta biografia já foi escrita há 20 anos. O seu autor, Christopher Clark, tornou-se, depois de a ter escrito, muito mais conhecido e premiado pelos seus livros sobre a História da Prússia (2006) e por outro sobre os primórdios da Primeira Guerra Mundial, descritos da perspectiva de Berlim (2012), intitulado Os Sonâmbulos. E, no entanto, não consegui ler esta biografia de Guilherme II sem estabelecer alguns paralelos com essa figura hoje omnipresente que é Donald Trump. Guilherme também era um desbocado. Também tinha umas vagas ideias do que queria, mas não fazia a mínima ideia do que fazer para as alcançar. E as comparações não se ficam só por aí. Mas, sobretudo, e sempre que se fala das deficiências de carácter do Kaiser, aparece a justificação de que ele nada fez de mérito para alcançar o poder de que dispôs: limitou-se a herdá-lo. E esse facto era, normalmente, uma culpa do sistema monárquico e uma desculpa implícita dos súbditos alemães, que nada haviam feito para o lá ter, no poder. O que - e convém nunca o deixar esquecido! - não se passa com os americanos e com Donald Trump. Trump foi eleito. Os americanos puseram-no lá. Há por detrás de todo aquele pandemónio que por lá grassa desde há quatro anos uma responsabilidade colectiva que raramente vejo assumida - é que os influencers da televisão não podem voltar-se para o ecrã e insultar descaradamente os seus próprios telespectadores...

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