03 novembro 2020

O CONDUTOR DO LAMBORGHINI DO DUBAI DE VISITA AOS ESTADOS UNIDOS... E AO CANADÁ

Uma explicação prévia, para que o leitor possa apreciar devidamente o vídeo abaixo, apesar da conversa ser em inglês, e que, por causa disso, lhe possam escapar os detalhes do que dizem os dois participantes. A popularização de tecnologias permitindo ao cidadão comum registar em vídeo os acontecimentos do seu quotidiano, consagrou a evidência de que os agentes da polícia nos Estados Unidos se comportam para com esse cidadão comum, como não é aceitável no resto do Mundo. O que não se teria escrito das tropas nazis, se elas se tivessem comportado na Europa ocupada da Segunda Guerra Mundial como os polícias americanos ainda hoje o fazem no seu próprio país! Vítimas favoritas desse despotismo policial, são os negros, em episódios em que a prepotência se combina com o racismo. E com consequências letais. Mas neste caso, vamos falar de outras vítimas colaterais da prepotência policial nos Estados Unidos, não tão conhecidas quanto os afro-americanos: os condutores de viaturas desportivas de marcas de luxo: Ferrari, Lamborghini, Porsche. As interacções entre polícias e condutores podem ser tão insólitas quanto outras, o preconceito do agente policial - que, no caso, será mais despeito... - também existe, mas, felizmente, não costuma existir aquele dramatismo de quando o interpelado é pobre. O polícia que, muito frequentemente, e mesmo que branco, também é originário das classes do fundo da pirâmide social, sabe que, ao interceptar na estrada um desses carros, pode exibir momentaneamente o seu poder discricionário, mas também saberá que o dono de um carros desses costuma ter dinheiro, muito dinheiro, e isso na América costuma fazer grande diferença no que diz respeito à equitatividade da aplicação da Lei. Normalmente e por exemplo, muitas daquelas viaturas de luxo vêm equipadas de origem com câmaras interiores que filmam as interacções entre o condutor e quem o interpela, o que complementará os dispositivos de que os polícias agora se fazem acompanhar obrigatoriamente, aqueles vídeos que costumam desaparecer quando aparecem queixas contra a conduta dos polícias. Em suma, quando um polícia de estrada americano intercepta uma destes carros, já sabe que tem de ter algum cuidado formal no método como vai implicar com o condutor. Porque, se o interceptou, é porque vai implicar com ele.
Contudo escolhi este vídeo acima porque ele contem um bónus: o condutor do Lamborghini é oriundo do Dubai, um daqueles emirados riquíssimos em petróleo no Golfo. Um país onde até a própria polícia local tem um Lamborghini! Será por isso que se nota uma clivagem cultural na comunicação entre o condutor e o agente da autoridade desde o princípio da conversa. O segundo não faz a mínima ideia o que é o Dubai, muito menos onde é que ele fica, quanto mais saber que o carro está lá matriculado: o máximo de estrangeiro que ele conseguiu apreender (e que o terá tranquilizado) foi a referência ao Canadá. Além disso, percebe-se que o irrita a atitude cosmopolita, disponível e condescendente do condutor. Supostamente, um condutor com aquele tom de pele equiparar-se-á, na sua escala social, a um hispânico, e mesmo que os hispânicos não precisem de demonstrar aquela atitude deferente de escravo de plantação para com o capataz que todo o polícia branco americano espera de qualquer negro, um condutor com uma tez de hispânico não tem nada que lhe explicar seja o que for. Ele sabe tudo! É por isso que ele recusa todo o auxílio do bem intencionado dubaiense. Vale a verdade que as explicações deste último são pouco pedagógicas: imaginar aquele polícia a fazer turismo na Europa, ainda para mais levando consigo o seu carro, foi um exemplo rebuscado e inútil (e que o irritou ainda mais!). A meio do vídeo já não se sabe o que é pior, se a ignorância se a estupidez do trooper, nem de propósito chamado Donald Rummer (trumper?). As últimas cenas são hilariantes: o condutor percebe que é melhor deixar de colaborar, faz o que lhe pedem, e pespega o trooper a consultar o seguro do carro num suporte digital que o deixa visivelmente desconfortável, sem saber interpretar o conteúdo do que lhe foi fornecido. Tudo acaba com uma oportuna chamada para uma outra ocorrência, um expediente à altura da argúcia do trooper para terminar a constrangedora situação - que ele próprio criara ao interceptar o Lamborghini. Para comparação, veja-se abaixo um outro vídeo, com o mesmo carro, o mesmo condutor, os mesmos problemas... mas envolvendo um agente da polícia canadiano.

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