(Republicação)
29 de Novembro de 2010. A capa da revista Time desse dia formula o voto que a libertação de Aung San Suu Kyi da prisão domiciliária a que fora submetida se tornasse em algo mais substantivo do que o seu estatuto de "ícone da democracia". Aung San Suu Kyi recebera, entre muitas outras distinções, o Prémio Nobel da Paz em 1991, pelo seu combate pelo estabelecimento de um regime democrático na sua Birmânia natal. Oito anos depois daquela capa e daqueles votos por onde já perpassava a dúvida, a resposta a eles parece inequívoca. Aung San Suu Kyi tem sido despojada consecutivamente de muitos dos galardões que recebera por tudo o que não tem feito para pôr cobro à perseguição de que têm sido vítima uma das minorias étnicas e religiosas do seu país, os rohingya. Uma primeira constatação de todo este episódio é quanto o mundo mediático pode ser propenso a criar mitos que não têm necessariamente a ver com a realidade. Pessoalmente, Nelson Mandela revelou-se um grande presidente da África do Sul, pessoalmente, Aung San Suu Kyi revelou-se uma nulidade política. E há uma segunda constatação: a de que Donald Trump parece ser tão estúpido e tão ignorante sobre estes temas que nem soube aproveitar-se desta asneira flagrante da diplomacia americana do tempo de Obama. Como se pode ler abaixo, deixou a oportunidade para o seu vice-presidente Mike Pence. Ou então, o gesto até pode ter sido deliberado, o que quererá dizer que Donald Trump não se quer ver pessoalmente associado a essas coisas piegas, como são sempre as causas humanitárias...
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