24 novembro 2020

A AFLUÊNCIA DE REFUGIADOS (JUDEUS) À PALESTINA

24 de Novembro de 1940. Um dos aspectos colaterais da Segunda Guerra Mundial que raramente era referido pelas notícias era o dos refugiados que gerava. Destaque-se a notícia acima pela sua raridade, a destacar a questão dos refugiados judeus que, sob a pressão dos acontecimentos na Europa e da hostilidade alemã, e apesar das dificuldades, mesmo assim conseguiam fugir para a Palestina, que estava então sobre Mandato britânico. Nesta notícia de há 80 anos podia ler-se a certa altura: « ...a imigração ilegal e clandestina para a Palestina é considerada pelo governo britânico de natureza a afectar e prejudicar a situação local, em prejuízo dos interesses britânicos no Médio Oriente, pelo que 1.771 refugiados judeus que chegaram recentemente a Haifa, em dois navios, foram proibidos de desembarcar.» Note-se que esta decisão não diferia da que o governo português tomara a respeito de outros navios de refugiados que haviam aportado a Lisboa alguns meses antes, como contei aqui no Herdeiro de Aécio. E recorde-se que o (mau) tratamento dado aos judeus pelos alemães ainda não atingira em 1940 as proporções hediondas de que se viria a revestir mais adiante. Mas a questão do afluxo de imigrantes judeus na Palestina também não é para ingénuos: no dia seguinte ao desta noticia rebentava uma bomba num dos navios surtos no porto de Haifa. O navio estava repleto de refugiados judeus e preparava-se, depois da sua entrada ter sido rejeitada na Palestina, para os transportar para a ilha Maurício. A ideia seria danificar o navio a ponto de impossibilitar tal viagem. Mas correu mal. O navio afundou-se num quarto de hora (fotografia abaixo) deixando centenas de pessoas aprisionadas no seu interior. Morreram oficialmente 267 pessoas, talvez menos (encontraram-se 209 cadáveres), já que naquelas circunstâncias e para os refugiados era vantajoso desaparecer e ficar clandestino na Palestina. A organização terrorista judaica Haganah só veio a assumir a autoria do atentado em 1957. E, apesar do que fora publicado na véspera, nada disto veio a ser noticiado no Diário de Lisboa...   

Sem comentários:

Enviar um comentário