11 novembro 2020

ALGUNS ORGULHOS DA MARINHA MERCANTE NACIONAL EM 1940

A edição de 11 de Novembro de 1940 do Diário de Lisboa continha duas referências ao paquete «Serpa Pinto». Numa delas, um anúncio publicado pela empresa armadora, a Companhia Colonial de Navegação, anunciava-se o adiamento para o dia 13 da partida para o Brasil daquele navio. Na outra, numa promoção mais subtil, anunciava-se a visita àquele paquete do adido naval inglês em Lisboa, onde fora recebido com todas as honras. Nesta última notícia, o «Serpa Pinto» era dado como «o novo paquete (...) da Companhia Colonial de Navegação». Mais adiante, lia-se ainda: «O sr. comandante Owen percorreu demoradamente o esplêndido paquete, tecendo os maiores elogios ás suas acomodações.» Se o paquete era novo, era-o apenas na posse do armador português: acima podemos apreciá-lo engalanado a dar entrada no Tejo a 19 de Abril de 1940. Mas a história do navio havia começado 25 anos antes, quando fora construído no estaleiro Workman Clark & Co. de Belfast, Irlanda, e baptizado com o nome de Ebro. Com esse nome tornara-se cruzador auxiliar britânico e, portanto, em 1940, era um veterano da Primeira Guerra Mundial. Sendo considerado o mais luxuoso paquete da marinha mercante nacional (será escolhido em 1944 para transportar o cardeal Cerejeira a Moçambique), não era propriamente uma novidade e o adido naval inglês estava a apreciar as qualidades da construção naval do seu próprio país, vinte e cinco anos antes.

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