Londres, 2 de Novembro de 1960. Num julgamento que teve lugar nesta cidade, num processo literário com tanta importância que o desfecho era acompanhado em Lisboa, a obra O Amante de Lady Chatterley, que fora escrita em 1928 pelo escritor inglês D.H. Lawrence, foi considerada não obscena por um júri que era composto por nove homens e três mulheres. Claro que o conteúdo do livro sempre for e continuava a ser obsceno: como constava do discurso do promotor da Coroa, no seu discurso de abertura: palavras como foder e fodendo apareciam um mínimo de trinta vezes no texto; cona, catorze vezes; colhões, treze. E a lista de palavras que os processadores de textos ainda hoje assinalam não se ficava por aí. Mas o que estivera em julgamento é se isso ainda era importante a ponto de censurar a obra, como acontecera nos 30 anos precedentes. A resposta, mais sociológica do que literária, era que não. Com isso, a editora Penguin Books passava a poder colocar de imediato no mercado uma edição popular e não censurada daquela obra com 200.000 exemplares. Esgotaram-se: com tanta publicidade que o assunto recolheu, nos próximos três meses ir-se-ão vender 3.000.000 de exemplares. Aquele que aparece do lado direito, versão portuguesa, é muito posterior a estes acontecimentos (1994).
Sem comentários:
Enviar um comentário