Toda a palhaçada que tem estado associada à contestação por parte de Donald Trump (e dos que o rodeiam) ao resultado das eleições presidenciais americanas tornou-se ocasião para o aparecimento da palavra «affidavit». Os palhaços (o mais frequente deles tem sido Rudy Giuliani) aparecem no ecrã brandindo um papel que reclamam ser provas contundentes do que afirmam e que designam por «affidavit» - o que parece ser designação técnica que dá um ar técnico-pomposo à dita folha de papel. A palavra, que me parece propositadamente usada por ser rebuscada, lembrava-me qualquer coisa e fui investigar... Um «affidavit» (do latim medieval!) é um depoimento ou uma declaração juramentada; é uma expressão que se utiliza predominantemente em alguns - não todos... - os países de direito anglo-saxónico. E é só isso. E depois lembrei-me onde ouvira anteriormente a expressão! O senador Joseph McCarthy, famoso por ter criado o macarthismo na América, fartava-se de os exibir quando dos seus discursos em que acusava todo mundo de ser comunista. Claro que as acusações se baseavam naquilo que era a interpretação que McCarthy dera ao documento, o conteúdo do documentos não era analisado (e desmontado) por terceiros, a fotografia de McCarthy a empunhar o documento de acusação é que era importante. O princípio permanece ainda válido com Giuliani mais de 60 anos depois: ninguém em televisão tem tempo para ler o conteúdo do documento que ele exibe mais acima e as letras são demasiado cerradas para ler o conteúdo das passagens que estão sublinhadas a vermelho na fotografia do twitter abaixo. Apesar da sonoridade do título, um «affidavit» é apenas uma declaração juramentada de alguém e num país de loucos como aquele arranja-se sempre alguma pessoa para jurar que qualquer coisa é verdade. A seriedade que Giuliani merece agora é a mesma que McCarthy devia ter merecido - querendo impor-se pela imagem, deve morrer pela imagem, como a fotografia abaixo, em que a tinta do cabelo lhe escorre pela cara lavada pelas gotas de suor...
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