03 novembro 2020

«AO VENTO E ÀS ANDORINHAS»

Ao festival da canção do longínquo ano de 1968 concorreu o intérprete João Maria Tudela com uma canção intitulada «Ao Vento e às Andorinhas». Cinquenta e dois anos depois a canção torna-se penosa de ouvir mas o lirismo do título permanece cheio de relevância, nomeadamente quando os comentadores de actualidade, que não se podem furtar aos assuntos que se impõem, tentam-no, ainda assim, quando o tema não lhes é propício. «Ao Vento e às Andorinhas» é uma excelente analogia com aquilo que os vejo a tentar fazer, quando fingem que abordam o que é imperativo que abordem, mas não lhes apetece nada. Veja-se o contraste abaixo, com o qual me deparei hoje, entre dois concorrentes directos - João Miguel Tavares e José Manuel Fernandes - no mercado diário da formação da opinião através da escrita, complementada pela opinião dita no Podcast, vocacionada, esta última, para aqueles mais preguiçosos e menos propensos à leitura.
Para a crónica deste dia, hoje há eleições presidenciais nos Estados Unidos e, obviamente, não há como não falar nisso. João Miguel Tavares escreve (e fala) sobre as eleições e sobre aquilo que ele antecipa que será o seu desfecho. O expectável. Mas José Manuel Fernandes, e porque as suas simpatias vão para o previsível vencido Donald Trump, e é cada vez mais penoso defender a sua conduta, prefere dissertar sobre o equilíbrio de poderes na América, o vento e as andorinhas... Suponho que assim inserida se percebe melhor a pertinência da expressão da velha canção de João Maria Tudela. Como ele cantava no vídeo mais acima: «...andorinhas, onde estais? Não vos vejo nos beirais...»

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