16 de Novembro de 1990. A dupla de cantores de sucesso Milli Vanilli foi despojada do Grammy que havia recebido no princípio daquele ano por se ter descoberto que não eram deles as vozes que se ouviam nas canções. Foi um escândalo no mundo da música, mundo esse que eu deixara de acompanhar com a assiduidade de outrora e por isso tive de ir aprender os mecanismos que os haviam levado, à dupla Milli Vanilli, à graça, para poder compreender depois a grandiosidade da desgraça. Todavia, trinta anos depois, continuo a achar tudo o que então se comentou completamente despropositado. A denúncia afigurava-se verdadeira: tudo apontava para que os dois moços tivessem sido escolhidos pelo seu aspecto e não pelas cordas vocais, numa época (a partir dos princípios da década de 1980) em que, a imagem da música se tornara mais importante que o som. No entanto, esta era a primeira denúncia de fraude de vulto, numa indústria em que, em surdina, se dizia haver imensos outros casos semelhantes ao agora denunciado, em que o(s) artista(s) estava(m), por assim dizer, proibido(s) de cantar... Como acontece muito frequentemente nestes casos, e por arrasto, eu esperaria que a denúncia e o escândalo dos Milli Vanilli, podia vir a revelar todos esses outros casos que apenas se sussurravam. Mas não foi nada disso que aconteceu... A esta distância, tudo indica que a moralidade da história não tinha moralidade alguma, apenas uma desforra pelo facto dos Milli Vanilli terem tido origem na Alemanha e, apesar disso, haviam conquistado o mercado discográfico norte-americano...
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