18 novembro 2020

O QUE É QUE ACONTECE SE DONALD TRUMP SE RECUSAR A RECONHECER A DERROTA DEPOIS DE PERDER AS ELEIÇÕES AMERICANAS?

O título do poste é apenas a tradução do do artigo do The Telegraph, assunto que não tenho visto muito discutido pelas nossas redes sociais, famosas por se indignarem por outros assuntos americanos de bem menos gravidade. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que assisti a esse gesto político que em inglês se designa por to concede an election (cumprimentar o vencedor). Foi pela televisão, em 26 de Abril de 1975, por ocasião de uma entrevista colectiva aos dirigentes dos quatro partidos mais votados para a Constituinte (PS, PPD, PCP e CDS) que um Freitas do Amaral, remetido para falar no fim, e porventura convidado a contragosto, já que as expectativas dos resultados eleitorais seriam outras, um Freitas do Amaral que já teria pouco para dizer assumiu esse gesto bem anglo-saxónico de felicitar o líder do partido mais votado, Mário Soares. Um cumprimento gracioso e cordato, que apanhou o destinatário de surpresa e que distinguiu quem o endossou dos três oradores precedentes e que contrastava mesmo, e muito, com o discurso metálico e impessoal de quem falara antes de si (Álvaro Cunhal). Longe vão os tempos em que, na nossa Democracia embrionária, a direita se procurava distinguir por se mostrar bem educada... 45 anos depois, deixou de ser assim. Não foi apenas Freitas do Amaral que morreu em 2019 renegado pela maioria da direita, há mesmo uma direita moderna que se percebe ufanar-se por se exibir trauliteira. Aqui, na América, à volta do Mundo. Esta evocação e associação surgiram-me a respeito de todos os intelectuais de direita que pontificam por aí, que sabemos terem opiniões sobre tudo e todos, e que têm dedicado ao comportamento de Donald Trump, especialmente depois de ele ter perdido as eleições... um silêncio ribombante. Aconteça o que tem acontecido lá por aquelas paragens, nada parece suscitar um comentário que seja da sua parte. Alguns deles, mais descarados ou inconscientes, conseguem falar de imensos outros assuntos que estão a acontecer na América, excepto criticar o comportamento inqualificável do presidente Trump. Tem sido uma atitude que servirá para separar águas.
Esta fotografia, foi tirada também na RTP e em ocasião semelhante mas outra: em Abril de 1975 o PPD foi representado por Magalhães Mota.

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