Não é na política, nem é sobretudo na política que se assistem aos mais despudorados golpes de rins dos discursos e das promessas incumpridas. A acrescer ao descaramento das manobras, os clubes de futebol possuem um jornalismo ostensivamente cativo a que os partidos políticos de há muito se resignaram a abdicar (excepção feita ao Avante!). É por isso ainda mais significativo que tenha sido a partir das notícias do submissíssimo O Jogo que se pode descrever a crónica de como Jorge Nuno Pinto da Costa passou há ano e meio de patrocinador da contratação do treinador espanhol Julen Lopetegui, para seu fiador (ainda há um ano), até ter que o despedir (há três meses) para nestas suas últimas entrevistas se tentar reduzir à condição de simples adepto desagradado com as prestações da equipa de futebol, como se não tivesse tido responsabilidade alguma no assunto. Comentar tal pirueta com senso, condená-la por cauda da evidente fuga às responsabilidades - é por aqui que se vê quanto Pinto da Costa é um senhour! - seria conferir ao futebol o grau de seriedade que não merece. Mas, como fenómeno social e, ainda por cima, como actividade tão comentada na comunicação social, dá para projectar, por estes episódios, o que seria a degeneração da política portuguesa sem que houvesse o escrutínio dos intelectuais... Ou então, o melhor é levar o assunto para o absurdo como o faz o Inimigo Público: Contestação cresce e Pinto da Costa pode ganhar as eleições com apenas 98%!
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