«Le Beurre!!!» - o grito, de uma veemência denunciadora e proferido em voz anónima mas suficientemente alta para que o visado e o destinatário a ouvissem, era a demonstração - percebi-o muito depois - do quanto a direita política podia ser irreverente uns bons quinze anos antes do aparecimento de O Independente, e do quanto o Peidinha, o autor do comentário, poderia ser ali considerado uma espécie de Miguel Esteves Cardoso precoce. O visado bem podia continuar a manobra de amanteigar o professor, mas agora, despertadas as atenções, fazia-o como num palco onde o auditório se tornara incomodativamente hostil. No Colégio Militar e naquela época o amanteiganço era considerada uma actividade proscrita. E não foram poucas as vezes em que o graxista, considerado o opróbrio, desistiu do intento por causa da linguinha de prata do Peidinha. O Peidinha, passados mais de 40 anos, já não pode ser o Peidinha, tem que ser tratado de forma mais respeitável, mas recentemente a pessoa que, como o Prince, outrora foi tratada por aquela alcunha, anunciou-me a sua muita vontade de cravar alguns ferros publicamente. Estou à espera e só espero que não tenha perdido a verve...
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