25 abril 2016

O PRÓXIMO PRESIDENTE AUSTRÍACO

A importância do cargo de presidente da Áustria tem várias semelhanças ao português. Também é eleito por sufrágio universal embora os mandatos sejam de seis anos e não cinco, como em Portugal. Mas, por outro lado, também por lá um presidente também só pode só ser reeleito para mais um mandato consecutivo. Uma análise comparativa do âmbito das funções presidenciais num país e noutro levar-nos-ia demasiado longe para os propósitos deste poste. A grande diferença será que a história presidencial democrática da Áustria é 30 anos mais antiga que a nossa, pois recomeçou em 1945, depois do fim da Segunda Guerra Mundial. E logo com algumas tradições surpreendentes: os presidentes que foram sendo sucessivamente eleitos nunca tinham nascido na Áustria propriamente dita e, por outro lado, com tanto azar que morriam todos em funções. Aconteceu isso com Karl Renner, presidente de 1945 a 1950 e que nascera na República Checa, aconteceu com o sucessor Theodor Körner, presidente de 1951 a 1957 e que nascera na Hungria, aconteceu ainda com Adolf Schärf, presidente de 1957 a 1965 e que também nascera na República Checa, e aconteceu finalmente com Franz Jonas, que foi presidente de 1965 a 1974 que, embora sendo vienense, pertencia a uma família originária da Morávia. Foi só com Rudolf Kirschläger, presidente de 1974 a 1986 que se assiste ao fenómeno de um presidente de raízes austríacas e que conseguiu completar o duplo mandato por doze anos até ao fim! O seu sucessor, Kurt Waldheim, eleito em 1986, terá sido o presidente austríaco de maior notoriedade internacional por uma boa e por uma má razão: por ter sido secretário-geral da ONU entre 1972 e 1981 e também por se ter descoberto que mentira sobre a sua participação como oficial da Wehrmacht durante a Segunda Guerra Mundial. O escândalo tê-lo-á forçado a não se apresentar à reeleição em 1992. Nesse ano foi eleito o vienense Thomas Klestil, que teria sido o segundo presidente austríaco a conseguir cumprir os dois mandatos encadeados (1992-2004), não tivesse morrido de ataque cardíaco a dois dias de terminar o mandato! O sucessor é o actual presidente, Heinz Fischer, que, depois de reeleito em 2010 e, se tudo correr bem que a profissão parece ser de alto risco, se apresta para terminar o seu segundo mandato no próximo dia 8 de Julho. Já se realizou o primeiro turno das eleições para o substituir. E o candidato mais votado nessas eleições foi o senhor da fotografia acima, Norbert Hofer, apoiado pelo FPÖ, o partido da extrema-direita austríaca. Recebeu 35% dos votos e apresenta-se bastante bem colocado para ganhar as eleições. Pelo menos, mais bem colocado na primeira volta que um outro austríaco famoso que, nas únicas eleições presidências que disputou em 1932, só obteve 30% dos votos. Mas o mais interessante será seguir que género de cobertura a comunicação social europeia irá dar a estas eleições. A causa para a subida eleitoral destas formações xenófobas será a mesma, mas estou preparadíssimo para ouvir explicações imaginativas por que os partidos da direita nacionalista são perigosos na Hungria ou na Polónia, mas na Áustria não...

2 comentários:

  1. "por que os partidos da direita nacionalista são perigosos" e já agora os de extrema-esquerda.

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  2. Nessa perspectiva de Bruxelas a que me refiro, os partidos de extrema esquerda são perigosos em qualquer país da União.

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