16 abril 2016

ONDE ESTAVA O DONALD?


Nos últimos dias a comunicação social mundial tem sido abastecida com alguns vídeos fornecidos pela US Navy mostrando voos rasantes espectaculares de aviões russos (acima) próximos de um navio de guerra norte-americano, o USS Donald Cook, que navegava no Mar Báltico. Transcreva-se o principal da notícia dada pelo Diário de Notícias:

Dois caças-bombardeiros Sukhoi Su-24 realizaram uma série de voos rasantes junto ao destroyer americano USS Donald Cook em águas internacionais do mar Báltico quando o navio viajava da Polónia para a Lituânia, com um helicóptero daquele primeiro país a bordo. Os voos sucederam na segunda e terça-feira e um deles simulou um ataque direto ao navio, tendo o Su-24 passado a pouco mais de nove metros da proa, revelou ontem um porta-voz militar dos EUA.

Para este porta-voz, as ações russas revestiram-se de uma agressividade como não víamos há muito e encerram o potencial para originar uma desnecessária escalada de tensões. Por seu lado, o comandante do navio, Charles E. Hampton, declarou que as manobras dos aviões russos não corresponderam aos padrões internacionais e incompatíveis com as regras de conduta em águas internacionais. Para o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, foram observados todos os procedimentos de segurança, justificando a atuação dos Su-24 com a proximidade operacional da base naval russa no Báltico. Esta encontra-se situada no enclave de Kalininegrado, entre a Lituânia e a Polónia, tendo o incidente ocorrido a 70 milhas náuticas (129 quilómetros) da base.
É evidente que estas notícias, tal como as refutações da parte contrária, nunca têm nada de inocente. Sente-se a tensão nos comentários proferidos no vídeo acima. Mas o que me divertiu particularmente nesta história, parecida com outras precedentes, e em contraste com a multiplicidade de fotografias e vídeos disponibilizados pelos norte-americanos, foi a ausência conspícua de um mapa que mostrasse a localização de onde se dera o incidente. E seria relativamente fácil reconstitui-la. Como se pode ler na própria notícia acima, não é difícil calcular uma localização marítima distante 130 km da cidade russa de Kalininegrado - é onde está a bola vermelha com o Wally. Mas mostrar onde estava o Donald evidencia como estes incidentes tendem sempre a acontecer em águas próximas das costas da Rússia e nunca nas próximas das costas dos Estados Unidos. No caso, nunca existiria um exercício simétrico a este registado no Báltico, em que um destroyer russo pudesse transportar um helicóptero ASW de um país seu aliado na região (como Cuba) para realizar manobras conjuntas nos mares das Caraíbas, mas gosto de imaginar sobre qual seria a reacção norte-americana se o navio em questão se aproximasse a 70 milhas náuticas de Porto Rico (abaixo), por muito que as águas fossem - e são - internacionais...

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