18 abril 2016

PAUSA PARA UM CIGARRILHO

Quando me querem fazer confrontar com a premência e o alarme das notícias nitidamente plantadas por Bruxelas - por exemplo esta de hoje: Bruxelas exige corte de mil milhões a Costa - não consigo esquecer a placidez como ao mesmo tempo se parecem viver estes tempos de urgência orçamental no país vizinho, onde há quase cinco meses que não há governo nem interlocutores para tal género de conversa. O impasse político em Espanha é instrumental para reduzir todo aquele frenesim de Bruxelas às proporções da atenção que os espanhóis (actores políticos e opinião pública) lhe estejam dispostos a conceder. E se os burocratas em Bruxelas quiserem sancionar Madrid porque os políticos locais (Rajoy, Sánchez, Rivera, Iglesias) vivem o seu tempo político de acordo com os seus calendários, então os agentes da União (como Dijsselbloem) que avancem e o façam - mas aceitando as responsabilidades políticas por o fazerem e é aí que me parece que a porca torce o rabo, porque os lá de longe parecem-me querer a autoridade mas sem a responsabilidade. (A fotografia é de 1978 e, no que parece um momento mais descontraído de uma negociação, Adolfo Suárez acende o cigarro de Felipe Gonzalez).

4 comentários:

  1. Para o bem e para o mal os Espanhóis têm o dom de ser bastante impremiáveis ao que se passa fora das suas fronteiras (e muitas vezes até dentro das suas fronteiras). Ao contrário de Portugal que recebe os avisos de Bruxelas com muita temeridade, aposto que a reacção em Moncloa aos avisos da Comissão não deve desviar-se muito de um "¡Joder! Me cago en la leche!"

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  2. Boa resposta, principalmente tendo em atenção a gralha no comentário acima.

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  3. O riso não foi por isso e não foi para isso, embora eu tivesse dado pela impermeabilização dos prémios... Mas, dá-se sempre desconto, consideradas as idiossincrasias de quem escreve - e como alguém diz - estar "en France"...

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