Dá que pensar que critérios jornalísticos justificarão os numerosos directos televisivos para uma eleição a que concorre apenas um candidato. Tenho idade para me lembrar da incerteza e da emoção que acompanhou a última reeleição do almirante Américo Thomaz em Julho de 1972 por um colégio eleitoral que se reuniu solenemente no hemiciclo da Assembleia. A RTP teve que acompanhar o acto - e também havia dissidência: houve 29 votos nulos! Pois em Abril de 2016 já não há a desculpa das imposições do regime fascista para justificar o interesse que a comunicação social dedica a algo que, objectivamente, não tem interesse algum. Mais do que por falta de concorrência, até por falta de comparência, o vencedor está conhecido de antemão. Mas os dois escrutínios assemelham-se em mais do que esses aspectos: qualquer dos velhotes - dá-se a coincidência de ambos terem precisamente a mesma idade aquando do acto eleitoral: 78 anos - vai vencer as eleições de uma forma esmagadora. Não transmitem futuro. Estão fadados para permanecer nas funções até morrerem e não vai ser através de actos eleitorais que dali virão a ser apeados. E no dia em que, hipoteticamente o forem (apeados do cargo que ocupam), quase de certeza que virão a ser presos...
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