Perdidas entre as diversas efemérides que se comemoram na mesma data, há precisamente 40 anos tiveram lugar as primeiras eleições para a Assembleia da República, as segundas eleições gerais a ter lugar em liberdade em Portugal. Tendo já como referência as que haviam tido lugar precisamente um ano antes para a eleição da Assembleia Constituinte, os resultados não alteraram substancialmente o quadro político da vontade popular que havia ficado desenhado - e que havia sido desdenhado pelas vanguardas militares do PREC. O partido mais votado continuou a ser o Partido Socialista (PS) com 35% dos votos, seguido do mesmo Partido Popular Democrático (PPD) com 24%. Todavia, os dois partidos dos extremos do espectro partidário mais do que duplicaram a sua votação de um acto para outro: a UDP passou de 45 para 92 mil votos, começando a agregar o dispersíssimo voto dos grupúsculos de extrema esquerda e, mais significativo, o CDS passou de 435 mil para 876 mil votos, ao fazer uma campanha em que se apresentava como a Alternativa 76 (cartazes acima), dissociando-se do discurso hegemónico predominante do socialismo. Não se sabia então, mas nunca mais o CDS conseguiria repetir nos quarenta anos que se seguiriam os resultados eleitorais alcançados nesse dia, a evidenciarem um país rural, interior e conservador (assinalado abaixo a azul) que constituiria o contraste directo com o então muito mais promovido Alentejo comunista (a vermelho). Nas urnas, ao ultrapassar a votação do PCP, os azuis mostraram que valiam eleitoralmente mais do que os vermelhos.
Uns cartazes que o CDS hoje já não se atreveria a usar, pela conotação que o arco-íris entretanto adquiriu...
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