25 abril 2022

O «PENETRA» DE ABRIL (1)

É da Lei da Vida que a galeria reservada aos «militares de Abril» para a comemoração solene da data se vá despovoando com a evolução dos tempos. Hoje, tratando-se do já longínquo 48º aniversário, a galeria estava preenchida por dez militares, das quais eu conseguia identificar os três da primeira fila: Martins Guerreiro, Vasco Lourenço, Sousa e Castro; os outros sete não, com excepção de um. E o meu problema é essa excepção: o major-general Carlos Branco (assinalado na foto) tornou-se mais recentemente conhecido (e contestado) por causa da parcialidade pró-russa dos seus comentários a respeito da invasão da Ucrânia. Mas isso e a eventual antipatia que suscita junto de uma facção das audiências e como aqui já escrevi, considero-o da responsabilidade das estações de televisão que o convidam, conhecendo-lhe as simpatias e a reputação. Outra questão, mais objectiva, é a de perguntar o que é que o major-general Carlos Branco está ali a fazer naquela galeria, como «militar de Abril». É que ele tinha 15, quase 16 anos quando se deu o 25 de Abril de 1974. (Que eu saiba, sempre foi proibido incorporar mancebos com essa idade...) E só assentou praça com 18 anos, a 3 de Novembro de 1976, ou seja quase um ano depois do 25 de Novembro de 1975. Constatado isto, repito a pergunta: o que é que está o major-general Carlos Branco ali a fazer?

7 comentários:

  1. excelente apontamento, e bem demonstrativo das "malhas que a república tece"

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  2. Interessante pergunta.
    Suspeito que a Assembleia da República (AR) não tenha uma lista oficial dos "militares de Abril". (E como é que tal lista seria elaborada? O que define, exatamente, um "militar de Abril"?) Portanto, o que a AR fará, provavelmente, é endereçar um convite à Associação 25 de Abril para que esta convide os "militares de Abril". Essa Associação é uma correia de transmissão dos partidos que se sabe e, portanto, deve incluir no grupo dos "militares de Abril" quem mais lhe convenha em termos políticos.

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    1. Então, Lavoura, talvez seja a altura certa para acabar com a prática, não será? Para que aquela parte da galeria não seja tratada assim como um "presépio de Natal" aonde, à falta dos bonecos do São José e de dois reis magos, seja preenchida com mais "umas ovelhas e uns pastores". Que é o que se configura, quando daqui por uma dúzia de anos, só houver dois/três nonagenários sobrevivos.

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    2. talvez seja a altura certa para acabar com a prática, não será?
      Eu não diria acabar com a prática. Mas poder-se-ia exigir da Associação 25 de Abril que esta justificasse claramente o estatuto de cada uma das pessoas que convida, em particular fornecendo o posto militar de cada uma à data do 25 de Abril e elucidando que atividade militar ela teve nesse dia.

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    3. Lavoura, eu não especifiquei sequer como se acabaria com a prática. Na prática, você está a concordar comigo mas de uma maneira estupidamente adversativa, assim como fazia o Pedro Marques Lopes quando ainda tinha o Pedro Adão e Silva no programa "Bloco Central". Concordava com tudo o que o outro dizia fingindo que tinha uma opinião diversa. Agora o Adão e Silva foi para o governo e é o que se vê... ou, antes, não se escuta porque o Pedro Marques Lopes não tem nada dentro da cabeça.

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  3. Curiosamente, o Vasco Lourenço recusou-se a estar nas comemorações na assembleia da república no tempo do Passos Coelho mas não tem problema em celebrar o 25 de abril na companhia dessa personagem. Critérios.

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    1. Não é curiosidade nenhuma. A subsistência destacada de Vasco Lourenço é a prova provada da Democracia e da liberdade de dizer disparates, ele que anda há quarenta anos a prometer "pronunciamentos militares", "quarteladas" e mesmo "golpes de estado" sem que ninguém neste país o leve a sério. Ajuda a esse facto,a circunstância de Vasco Lourenço manter, com os oficiais do exército, a mesma relação que, por exemplo, Mário Nogueira mantém com os professores. Um e outro falam em nome da respectiva classe profissional mas não praticam há décadas. Há décadas que Lourenço não entra num quartel para exercer um comando, há décadas que Nogueira não entra numa escola para dar uma aula.

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