26 de Abril de 2002. Em Erfurt, a capital da Turíngia, uma cidade alemã que até 1990 pertencera à Alemanha Oriental, ocorre um daqueles tristes episódios modernos em que um aluno ou ex-aluno armado entra no liceu e começa a disparar sobre alunos e professores, vingando desagravos verdadeiros ou imaginados. O atirador matou 16 pessoas a tiro antes de se suicidar. O episódio deixou toda a Alemanha consternada, já que era a primeira vez que um episódio do género acontecia naquele país, embora se presumisse que o autor do massacre se tivesse ido inspirar em acontecimentos semelhantes que haviam ocorrido anteriormente noutros países, nomeadamente o muito publicitado massacre de Columbine, quase precisamente três anos antes (20 de Abril de 1999), no Colorado, Estados Unidos. Aí os autores haviam sido dois, que haviam assassinado a tiro 13 pessoas. Mas a quase semelhança das circunstâncias e dos efeitos não é indicativa da forma e formatos como as sociedades acolheram o que se passara. Como é tradicional, a comunicação social alemã foi muito mais sóbria. Comparando a sua cobertura com a que fizera a sua homóloga norte-americana, quase parece ter sido um acontecimento para esquecer. Muito menos pensar em fazer documentários a respeito do assunto. Mas o excesso de realce que é dado pelos americanos é contraposto pelo excesso de abafamento do assunto que é dado pelos alemães: uma lista da wikipedia reúne sete episódios ocorridos na Alemanha desde há vinte anos. Tipicamente, os excessos de qualquer das abordagens - a alemã e a norte-americana - comprovam-se na perspectiva como o luto é fotografado: se o tema central de qualquer das fotos é o mesmo, as flores em memória das vítimas, no caso de Erfurt (acima) o fundo da foto é o próprio edifício do estabelecimento de ensino, mas em Columbine são as pessoas que vêm depositar as flores e ler as dedicatórias, com os camiões das televisões em fundo...
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