19 de Abril de 1922. Quem lesse a primeira página da edição do Diário de Lisboa aperceber-se-ia facilmente como tudo se preparava para se engalanar em grande, celebrando a chegada de Gago Coutinho e Sacadura Cabral ao Brasil. E depois aparecia a última página noticiando a «avaria» do hidroavião! Na realidade o "Lusitânia" estava mais do que «avariado», estava perdido, afundara-se. A continuação da viagem iria necessitar de um avião novo (na verdade serão precisos dois aviões novos e o resto da viagem irá tomar mais dois meses). 19 de Abril de 1922 era para ser um dia histórico, mas não foi. Mas a ocasião podia ter sido aproveitada como uma grande lição para os jornalistas portugueses - e isso também não aconteceu. A boa prática jornalística continua a recomendar que, em termos noticiosos, mesmo que o desfecho seja impreciso, é preferível ser-se optimista e contar sempre com os ovos no cu da galinha. Se der fiasco, não foi precipitação dos jornalistas, evita-se o assunto e faz-se de conta que houve assim um pequeno pormenor que terá corrido mal... Quem se lembra que a proclamação Viva a Pátria! da primeira página do jornal de há cem anos foi apenas uma embaraçosa proclamação oca?...
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