11 abril 2022

O MASSACRE DE CHIOS

Há duzentos anos, a ilha de Chios (842 km²), situada no Mar Egeu, pertencia ao império otomano (turco), embora a ilha fosse povoada (cerca de 80 a 100.000 habitantes) quase exclusivamente por gregos (cristãos ortodoxos). Chios, cuja área era apenas ligeiramente maior do que a Madeira e com uma população comparável (à época), era uma das mais prósperas comunidades insulares do Egeu. E a ilha passou a ser disputada no quadro da guerra de independência grega. A 22 de Março de 1822, um destacamento de 2.500 rebeldes gregos desembarcara em Chios, cercando a guarnição otomana na fortaleza da capital. Mas a 11 de Abril de 1822, há precisamente 200 anos, os otomanos procederam a um contra-desembarque (repare-se como Chios se situa perto das costas da Anatólia). Os 46 navios e 7.000 soldados otomanos - posteriormente reforçados com mais 30.000 - vinham com uma missão de retaliação e uma política de terra queimada. Nos meses que se seguiram, Chios foi deliberadamente despovoada. A dimensão do massacre de Chios é incerta, mas as estimativas mais comuns apontam para que 25.000 habitantes da ilha foram mortos, 45.000 foram capturados e reduzidos à escravatura, e só uns 10 a 20.000 é que terão conseguido fugir. No final, terão subsistido apenas uns 20.000 habitantes. O episódio causou um grande impacto - negativo - por toda a Europa. Tanto que em 1824 o pintor francês Eugène Delacroix assinava este quadro abaixo, intitulado precisamente o Massacre de Chios. Chios nunca recuperou plenamente da hecatombe: a ilha tem actualmente 54.000 habitantes, ou seja, um pouco mais de metade da população que tivera há duzentos anos. E, como se costuma escrever no rodapé do final dos filmes, qualquer associação desta minha evocação com o comportamento assumido recentemente pelas tropas russas na Ucrânia terá sido uma mera coincidência.

2 comentários:

  1. a ilha tem actualmente 54.000 habitantes, ou seja, um pouco mais de metade da população que tivera há duzentos anos

    Isso será também porque a ilha há 200 anos estaria sobrepovoada.

    A ilha do Corvo também tem hoje metade dos habitantes que tinha há 200 anos. E suspeito que mais ilhas dos Açores e da Madeira terão hoje muito menos população do que já tiveram.

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    1. Hoje já lá vão três! Lavoura, você hoje está frenético como comentador.

      Não é que a quantidade consiga arrastar atrás de si a qualidade, porque continua a escrever comentários estúpidos, como é seu costume.

      É só mais cansativo estar a lê-lo.

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