25 de Abril de 1972. Numa conversa privada na sala oval da Casa Branca entre o presidente Richard Nixon e o seu conselheiro nacional de segurança Henri Kissinger, os dois homens levantam hipóteses como aliviar a pressão da recente ofensiva - Ofensiva da Páscoa - norte-vietnamita sobre o Vietname do Sul. Mais do que isso, a ofensiva estava a ser usada por Hanói como um elemento de pressão para as negociações que estavam a decorrer em Paris. Depois de Kissinger ter avançado com uma sugestão dos militares, a destruição dos diques do Rio Vermelho (o principal rio do Vietname do Norte), que «afogariam umas 200.000 pessoas», Nixon retorquiu:
- Aí eu preferiria usar uma bomba atómica. Está a ver?
- Epá, isso já seria ir longe demais...
- Pense as coisas em grande, Henry, pelo amor de Deus.
Porque o presidente mandara instalar um sistema que gravava automaticamente as conversas havidas na sala oval (sistema esse que paradoxalmente acabou por servir de prova do envolvimento de Nixon no caso Watergate), esta sanguínea troca de impressões ficou registada, indesmentível, para a posterioridade. Já era assim há cinquenta anos, e não há argumento apaziguador que me convença que as ideias que ocorrem actualmente a Vladimir Putin serão muito diferentes.
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