Há quarenta anos o regime militar polaco, resultante da imposição da Lei Marcial naquele país em 13 de Dezembro de 1981, estava diplomaticamente isolado no que aos países ocidentais dizia respeito. E quem é a carinha laroca que os comunistas se lembram de ir desencantar para dar uma aparência contrária a isso? Álvaro Cunhal que, como se lê na notícia acima, era «o primeiro secretário-geral de um partido comunista da Europa ocidental» a «avistar-se» com os óculos escuros do general Jaruzelski, o rosto sombrio da ditadura militar polaca. Mesmo não sendo comunista (o que é uma opção política), mas apenas como português (que isso, já não é opção), assaltava-me a vergonha alheia ao ver a secção portuguesa do movimento comunista internacional dar mostras de tal servilismo perante interesses que, na mais benigna das hipóteses, nos eram alheios - mas que, sobretudo, eram descaradamente contrários a tudo o que o PCP pregava por cá. Enfim, comunismo e ética eram (e continuam a ser) antónimos. Quarenta anos passados, vê-se o quanto o fantasma de Álvaro Cunhal está vivo no seu seguidismo de Moscovo, assombrando ainda hoje a sede do PCP, na Soeiro Pereira Gomes. O que mudou foram as circunstâncias em que se usam óculos escuros. Passou-se da farda de Pinochet, para o fato e gravata de Jaruzelski, para o tronco nu de Putin!
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