A solução que é correntemente utilizada na ficção científica para se ultrapassar a questão das distâncias siderais e do tempo das viagens tem sido colocar os astronautas em hibernação. (Os vídeos anexos contêm cenas a entrar e sair dela, dos filmes Interstellar de 2014 e Aliens de 1986) Num estado de sono semelhante à hibernação, o metabolismo cai e a mente é poupada do tédio de esperar infinitas horas sem nada para fazer. E, ao contrário das viagens espaciais realizadas a velocidades mais rápidas do que a luz, a premissa de colocar os astronautas numa qualquer forma de hibernação parece estar ao alcance da ciência actual. Contudo, as implicações de um estudo acabado de publicar, realizado por um trio de pesquisadores chilenos, revelam um obstáculo substantivo para transformar o potencial da estase humana de longo prazo em qualquer coisa de concreto, o que pode significar que a hibernação não constituirá solução para voos espaciais de duração significativa - para além de uma dúzia de anos. Estudando o exemplo dos animais do nosso porte que hibernam - o exemplo escolhido no estudo foi o dos ursos - concluíram que a manutenção nesse estádio de letargia de um adulto médio se sustentaria com um consumo diário de de um pouco mais de seis gramas da gordura corporal por dia. Isso corresponderia aproximadamente a dois quilos de peso perdidos pelos astronautas numa viagem de um ano até Júpiter. Todavia, essa perda corresponderia já a uns vinte quilos, se a viagem fosse até Plutão (9 anos), caso em que se recomendaria que os astronautas fossem submetidos previamente a um sistema de engorda. Mas, mesmo esse sistema de reforço prévio de nada serviria nas viagens para lá do sistema solar, em que a única solução seria que o sistema de hibernação teria que ser interrompido rotineiramente para que os astronautas ingerissem reforços calóricos. Portanto, da próxima vez que virem os astronautas em hibernação num filme, consciencializem-se que é ficção: provavelmente o futuro não irá ser assim.
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