Há pouco mais de uns três anos, a editora Almedina convidava-nos para o lançamento de Desta Vez é Diferente. Oito Séculos de Loucura Financeira. Aquilo que parecia ser um livro aparentemente sobre a história das finanças parecia assumir sobretudo o seu papel como (mais um) daqueles livros de combate ideológico disfarçado de outra coisa, indício que se percebia tanto mais facilmente atendendo à disponibilidade manifestada pelo ministro das Finanças Vítor Gaspar não apenas em o prefaciar como mesmo em o apresentar. A reputação técnica do senhor atingira um nadir: havia quem dissesse, em jeito de troça, que tinha em casa pacotes de leite cujo prazo de validade era superior ao das previsões do ministério das Finanças.
A cerimónia correu mal como se pode apreciar, a exibição dos manifestantes foi mais espalhafatosa e inconsequente do que outra coisa qualquer, tanto mais que, veio-se depois a descobrir, a última palavra foi mesmo de Vítor Gaspar, que já tinha programado satisfazer o pedido que os manifestantes tão veementemente tinham agendado pedir a 1 de Junho seguinte (abaixo). Houve só que deixar passar mais um mês. O que eu ainda hoje não consigo compreender é como é que, a dada altura, nos conseguiram persuadir que Vítor Gaspar seria competente para reformar e resolver o problema das finanças públicas portuguesas (1), (2), (3). Estivemos mesmo desesperados e disponíveis para acreditar em tudo e há quem continue.
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