06 junho 2016

PELO CENTENÁRIO DA MORTE DE LORDE KITCHENER

Há precisamente cem anos os britânicos ficavam a saber que o icónico Lord Kitchener (1850-1916), que personalizava como mais ninguém o seu esforço de guerra (cartaz acima), morrera afogado no Mar do Norte quando se deslocava à Rússia para negociações. Não deixa de ser significativo, e depois aproveitável como instrumento de propaganda, que uma tão alta patente também se tornasse uma baixa de guerra. Mas, no meio da descrição das inúmeras manifestações de pesar, não se encontra nenhum esforço para apurar responsabilidades, não apenas as circunstâncias como o cruzador em que Kitchener viajava (HMS Hampshire) veio a atingir a mina alemã (o que é um acontecimento normal numa guerra naval), mas sobretudo o que acontecera para que o navio, transportando alguém tão importante acompanhado do seu staff, viajasse sem uma escolta que, noutras circunstâncias poderia ter salvo fracção apreciável de passageiros e tripulação (dos 655 tripulantes e 7 passageiros só 12 tripulantes - 2% - se salvaram). A capacidade britânica para camuflar os seus erros é um dos maiores mistérios da História: ainda hoje, cem anos passados, quem quiser saber pela Wikipedia quais as circunstâncias precisas em que Kitchener morreu (dito de outro modo: os erros associados à sua morte no que não passou de um naufrágio), terá que o fazer consultando a entrada referente ao afundamento do navio que o transportava, não aquela que se refere à morte do próprio...

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