Há alcunhas que são muito bem escolhidas. Outras, pelo contrário, são infelizes, secas. Mas creio que a capacidade de vingarem na vida política nacional não depende apenas da sua qualidade. Tem a ver com outras circunstâncias, a oportunidade como aparecem, as simpatias e antipatias que o alcunhado desperta. Isto tudo para dar o exemplo de duas alcunhas que estou a ver desperdiçadas, quando as actuais circunstâncias se estão mesmo a propiciar. A do Gandhi de Lisboa, alcunha que foi atribuída a António Costa por um anónimo jornalista indiano do Hindustan Times, e que beneficia por causa isso do requinte, malícia e ingenuidade de alguém que está afastado da nossa realidade política, e cujos predicados contrastam com a alcunha mais chã, mais também mais grosseira, de chamuça. E depois há a alcunha de Jaime Gama, Peixe de Águas Profundas, que tem um padrinho famoso, Mário Soares, e cujo uso já viu dias mais prósperos, nos idos em que Gama era candidato permanente à liderança do PS, mas que hoje parece caída em desuso. Nada mais injusto, porque o peixe continua por lá, por profundidades mais profundas que nunca, não se acredite na versão que há uns meses tentou vender de avozinho baboso que só se dispõe a passear os netinhos, que o seu papel profundo como presidente do conselho geral de supervisão do Observador ou a sua aceitação posterior da presidência da fundação Manuel dos Santos tornam o logro mais do que evidente.
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