As passionárias da política, desde a original espanhola, passando pela argentina Eva Péron ou pela chinesa Jiang Qing e chegando ao modesto e medíocre exemplar mais recente da política portuguesa que dá pelo nome de Teresa Leal Coelho, as passionárias, escrevia, sempre foram uma delícia da comunicação social. Mas só. Do trato directo concluía-se serem, numa esmagadora maioria de vezes e na intimidade, umas pestes insuportáveis. Richard Nixon, por exemplo, que não fazia parte do filme e estava só ali de visita (1972), fez da mulher de Mao (acima) uma descrição arrasadora¹. Todos estes considerandos prévios surgem a propósito de uma não notícia. Com o congresso deste fim de semana, o PS podia pôr-se mesmo a jeito para poder ter uma espécie de passionária na pessoa da secretária geral adjunta Ana Catarina Mendes. O partido não tem tradição de encenações parecidas (ao contrário do PSD), mas não será por ter falta de militantes de perfil adequado: estou a pensar num caso ou noutro... Não aconteceu e eu não sei quem deva cumprimentar por não ter acontecido. Na dúvida deixo os cumprimentos à própria Ana Catarina Mendes: é verdade que assim vai passar muito menos vezes na televisão mas suspeito fundadamente que essa discrição não vai prejudicar nada as suas ambições políticas...
¹ ...tough, humorless, totally unfeminine, the ideal prototype of the sexless, fanatical chinese woman (...) I have never met a more cold, graceless person (...) Her first comment was typical of her abrasive, belligerent attitude: «Why did you not come to China before now?» (Leaders, 1994, pp. 242-3)
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