21 junho 2016

DA COMPREENSÃO DA CRISE

A reacção despeitada do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi aos péssimos resultados eleitorais que o seu partido alcançou no Domingo passado parece-me demonstrativa de como nem mesmo os principais protagonistas políticos europeus parecem aperceber-se da transformação subtil que as eleições têm vindo a registar nos últimos anos, mesmo naqueles países com democracias históricas e aparentemente consolidadas. É que, para tomar o desabafo acima à letra, pode não interessar muito o que farão os grilinhos (alusão de Renzi ao seu rival político, Beppe Grillo, um humorista não muito consequente nem fiável) em Itália, assim como não é certo que valha a pena, noutro exemplo, celebrar o afundamento nas simpatias políticas por parte do Syriza na Grécia. As asneiras que os primeiros possam vir a fazer, as austeridades que os segundos estão a impor, o desmoronamento eleitoral de qualquer daquelas duas modernices eleitorais não é garantia de que o eleitorado venha depois daí a regressar às desejadas opções políticas tradicionais como será o desejo dos despeitados. Pode apenas acontecer (aliás, é muito provável que aconteça) que essa parte do eleitorado flutuante (que está proporcionalmente em crescimento em quase todos os países em crise) se transfira, desagradado e transumante, para uma nova proposta política marginal, quiçá ainda mais destrambelhada. Do outro lado do Atlântico, com Chávez e com Trump, vêem-nos exemplos de que não há limites...

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