11 junho 2016

A NOVA RELAÇÃO ENTRE QUEM PRODUZ E QUEM CONSOME INFORMAÇÃO


Esta é mais uma daquelas anódinas notícias publicadas pelo Expresso on-line. É difícil arranjar um assunto mais imbecil. Antigamente todas estas coincidências irrelevantes aconteciam na América mas a ascensão global chinesa tem feito com que estes fenómenos do Entroncamento também aconteçam cada vez mais na China. Significativo quanto ao perfil do leitor da publicação, a descoberta da mãe feita pela noiva apresenta-se como a sétima notícia mais lida da oferta informativa do Expresso. Mas não é de todos os leitores, nem sobretudo dos leitores passivos que me interessa falar, antes dos outros, os activos, aqueles que se dispõem a comentar a notícia. Entre os 11 publicados, os comentários mais apreciados não chegam a comentar a notícia e os que o fazem, desdenham-na. Mas os primeiros arrogam-se mesmo o direito de criticar o percurso editorial do Expresso. E, na minha modesta opinião, com fundamento: as promessas de revelações bombásticas prometidas a pretexto do anúncio dos designados Panama Papers desapareceram dos cabeçalhos com uma brusquidão que, mais do que ridícula, se afigura suspeita atentando ao teor dos anúncios prometidos. A síntese acima torna-se exemplar do que será a relação actual entre produtores e consumidores de informação. Claro que há - sempre haverá - quem a consuma acriticamente, mas a relação dos outros consumidores perdeu as características de subalternidade que haviam prevalecido até aqui.
Foi já há dez anos (2006) que a Time fez aquela famosa capa em que anunciava que You era a personalidade do ano. Ou a escolha era mentira, ou a Time foi uma revista precocemente visionária muito para além da concorrência, ou então há aqui uma obtusidade congénita que está a afundar os produtores de informação para o abismo...

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