Assim como os fornecedores das casas reais fazem questão de destacar esse estatuto em selos muito estilizados, a reputação dos opinadores devia ser robustecida pela apresentação dos cabeçalhos dos seus artigos mais profeticamente felizes (é o caso acima daquele artigo de Julho de 2014 em que se vaticinava que o professor Marcelo não se iria candidatar - e que, caso o fizesse, perderia...). Apresentados por debaixo do retrato do autor, seria o número desses appointments que estabeleceria a diferença entre um opinador muito mediano (como este João Marques de Almeida) e um opinador reputado (como, sei lá, um Miguel Sousa Tavares!). Assim se perceberia melhor o sistema de meritocracia como as opiniões são valorizadas na comunicação social. Ou se calhar não é meritocracia que funciona, é by appointment. No caso concreto do artigo de opinião de hoje de João Marques de Almeida publicado pelo Observador e relativo às próximas eleições espanholas, o presciente opinador dá relevo aos resultados das últimas sondagens que dão o "BE" (Podemos) local a ganhar ao "PS" (PSOE). Daí conclui ele que o PS (português) poderá um dia enfrentar o mesmo dilema: o de participar numa maioria de esquerda com um PM do BE (é engraçado ler isto a quem já vaticinou o fim do BE...) ou permitir um governo minoritário de direita. Vê em profundidade o nosso opinador, mas não se dispõe a analisar outras armadilhas que se apresentam mais próximas e às formações políticas da sua cor: é que as mesmas sondagens em Espanha, mostram que os eleitores do "PSD" (PP) estão dispostos a sacrificar "Passos Coelho" (Mariano Rajoy) para que haja uma solução governativa. Também a partir daí o PSD vai ter que equacionar o descarte de Passos Coelho num dia que acontecerá porventura muito mais cedo do que o do aparecimento do tal PM do BE. E que o impasse da situação é séria, comprova-se pela não divulgação dos resultados da última sondagem sobre quem o poderia substituir.
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